domingo, 4 de outubro de 2009

O TRENZINHO DE LATA - 06

O TRENZINHO DE LATA

titito

Com meus quatorze anos de idade tinha quase tudo para ser um ferroviário como meu pai e meus tios Joaquim, Miguel e José, meus primos Orlando e Oscar, e meu avô José que foi Mestre de Linha em Santa Veridiana e Santa Cruz das Palmeiras.

Minha mãe, antes de se casar, foi telegrafista da Estrada de Ferro Companhia Paulista, na Cidade de Campinas, no tempo em que o telégrafo sem fio não existia e o sistema Morse ainda estava sendo introduzido no Brasil.

O trenzinho de lata que se vê na foto era o meu brinquedo predileto.

Faltou-me, talvez, a vocação para seguir a mesma carreira que a de meus familiares.

O meu trenzinho de lata por alguns anos representou, em minha vida, um instrumento de felicidade com o qual me ocupava e, assim, deixava de me preocupar com as naturais asperezas e incertezas da vida. Sentia-me muito feliz durante o tempo que sobrava além da escola e das tarefas de casa.

O tempo foi passando e o trenzinho de lata foi sendo substituido, sucessivamente, por outras motivações, tais como: teatrinho de fantoches, coleção de insetos, criação de passarinhos, leituras; atividades sociais, recreativas, escolares e religiosas, etc.

Aprendi então com a vida, cujas dificuldades e complexidades se avolumam, num crescente, com o avanço da nossa idade, que essa substituição é necessária cada vez que se perde o interesse ou a possibilidade de utilizar um desses instrumentos motivadores.

O que não se pode é ficar sem o “trenzinho de lata” que simboliza, no meu caso, um motivo prazeroso, um “objetivo” de vida.

Todos nós temos o nosso “trenzinho de lata”, sem o que a nossa vida seria enfadonha, desinteressante e até penosa.

A simples lembrança dos nossos “trenzinhos de lata”, que já foram substituídos e ultrapassados, é importante para reescrever a nossa “história de vida”, como estou fazendo agora, mas quando essa lembrança atinge o nosso estado emocional pode desencadear a saudade, a tristeza, a angústia e a depressão. Daí a necessidade de saber lidar com nossos sentimentos.

Luiz Gonzaga Seraphim Ferreira - 23/06/09

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